Quem se deslocou naquela noite fria ao Clube, trocou conversas e experiências com o autor e pode perceber um pouco sobre o acto solitário que é escrever um livro.
Apresentamos uma breve análise sobre este livro elaborada por Luisa Coelho, Professora de Língua e da Cultura portuguesa na Freie Universitat e da Humboldt Universitat, em Berlim, e Leitora do Instituto Camões na Alemanha:
"A obra literária de Jacinto Rego de Almeida inscreve-se num
género literário sem tradição em Portugal – o roman noir. Derivado do romance policial, distingue-se dele pelos
seus objectivos primeiros. O policial começa com uma morte que vai ser elucidada,
o roman noir encena uma situação onde
evoluem personagens marginais. Mais do que centrar-se na análise psicológica e
factual de um crime, para o investigar e descobrir o seu agente, o roman noir descreve a realidade social e
a vivência dos personagens no contexto propício a que o crime aconteça. Apresenta
diálogos curtos entre personagens tipo, descrições de cenas de sexo e violência
em linguagem crua e agressiva. Faz uma análise crítica da sociedade observando o
submundo da marginalidade, destapando o que existe nas pregas do tecido social.
As personagens são anti-heróis e não são apresentadas como vítimas mas como
sobreviventes que lutam com as armas que têm. Não tem intuitos moralizantes,
destabiliza e inquieta pela frontalidade com que a sociedade é apresentada sem
filtro discursivo. Jacinto segue esta linha nos seus traços gerais mas dela se afasta
quando a serve com humor e ironia – parodiando-a."
Jacinto Rego de Almeida |
O livro está á venda na secretaria do Clube de Ténis de Santarém.